Desde que terminei a leitura de “A Natureza da Mordida”, me pego pensando em uma frase que apareceu em dois momentos: "não tem culpa, mas tem corpo". Ela me faz refletir sobre as complexidades da responsabilidade em nossas vidas.
10 de outubro de 2023
Texto e foto por: Marcela P.
Eu já passei por situações em que não era o responsável direto pelo problema, mas isso não significava que eu podia simplesmente me isentar de qualquer envolvimento. Às vezes, a vida nos coloca em cenários que não escolhemos, situações que surgem sem aviso prévio. E nesses momentos, percebo que embora eu não tenha culpa, definitivamente tenho um corpo… e voz.
Mas há uma nuance adicional a ser considerada aqui. Às vezes, somos culpados de maneira indireta, por nossa participação, por nossas escolhas, por nossas omissões. Pode ser que não tenhamos causado diretamente um problema, mas nossa ação ou falta de ação pode ter contribuído para ele. "Isso nos coloca em uma posição de responsabilidade moral?" Me perguntei.
Carreguei essa "raiva", essa sensação de injustiça. Eu me lembro de como isso pesava em mim, como me fazia questionar por que eu estava sendo responsabilizada por algo que estava além do meu controle.
No entanto, com o tempo, consegui ver com outros olhos. Aprendi a ser mais gentil com minha parte na situação e com as pessoas que foram afetadas por ela. Percebi que, assim como eu, elas também sabiam, de alguma forma, que a situação não tinha culpados. Era apenas uma daquelas complexidades da vida que às vezes não podem ser reduzidas a uma única pessoa ou ação.
Essa reflexão me ensinou a abordar essas situações com mais empatia e compreensão. Afinal, todos nós cometemos erros, todos nós enfrentamos desafios, e todos nós carregamos responsabilidades, diretas ou indiretas, em nossas vidas.